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Descobrimento não! Invasão. J23 - RJ divulga nota contra a narrativa do descobrimento



Passado o feriado do "Descobrimento do Brasil", feriado nessa semana, vale lembrarmos que o evento está longe de uma idealização harmoniosa. Foi quando começou o país que conhecemos hoje, cheio de diversidade cultural de vários povos. Mas a colonização não deve ser vista como "colonizadores que trouxeram a civilização pra cá, que tinha sociedades atrasadas". O termo "descobrimento" é considerado ultrapassado, porque passa a impressão que o que havia aqui só passou a existir quando Portugal e Europa tiveram conhecimento. A colonização tanto teve motivos econômicos quanto religiosos. Os indígenas eram vistos como selvagens por não serem cristãos, e isso também tem a ver com a imagem de colonizadores trazerem "civilização" ao continente americano, sendo essa civilização o cristianismo ao invés das religiões locais.


No território brasileiro habitavam dois grandes grupos indígenas: tupi-guaranis e tapuais. Os tupi-guaranis habitavam de norte a sul da costa brasileira, com outros grupos pelo caminho. Por exemplo, havia os goitacazes na Foz do Rio Paraíba, os aimorés no sul da Bahia e norte do Espírito Santo, etc. Esses grupos eram chamados de tapuais. Inicialmente os indígenas profetizavam e admiravam os portugueses, que pensavam ser enviados religiosos. Mas também resistiram à violência cultural e física que sofreram. Entre ataques e doenças, se refugiavam em lugares afastados, o que garantiu uma preservação. Mas os nativos também não eram apenas vítimas, nem eram homogêneos. Fizeram alianças com os colonizadores contra tribos inimigas quando era de seu interesse. São Paulo, inicialmente uma vila, não foi conquistada pelos tamoias por conta da proteção dos tupis. Essa população indígena, que era por volta de 3 milhões, hoje é cerca de 800 mil.


Imagem publicada nas redes sociais da J23 do Rio de Janeiro


A colonização também criou uma sociedade injusta. O projeto português veio de uma certa nostalgia do antigo regime feudal que estava em declínio. Assim, tivemos moldes que se inspiravam um pouco em feudos e servos. Não existiu uma nobreza como a européia, mas havia essa inteção. Ficamos apenas com títulos, como Duque e Barão, que não valiam tanto. Mesmo assim, nasaceu aqui uma sociedade muito estratificada também. A colonização criou instituições que beneficiava uma pequena elite, como as Capitanias Hereditárias, Escravidão (africana), Encomienda (trabalho compulsório indígena). Os direitos de propriedade era apenas para grandes latifundiários, que era quem tinha direitos políticos e exerciam maior parte do poder jurídico também. Por fim, quem também exercia funções públicas era o clero. De 1500 até 1855, vieram para o Brasil 4 milhões de africanos escravizados. Esses não tinham nenhum tipo de direito, seja civil, político, ou social, por não serem considerados humanos.


O processo de colonização criou o país diverso que temos hoje, com elementos e trocas europeias, indígenas, e africanas, principalmente. A data do "descobrimento" deve lembrar isso, mas também lembrar do processo conturbado, violento, e extrativo que aconteceu e tem consequências até hoje.


Por: Gabriel Drummond

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